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Análise de Investimento: Taxa Interna de Retorno


Antes de tratar de fato da análise de investimento e a taxa interna de retorno, é necessário definir o que é “Investimento”. Pode-se definir a importância da TIR como toda ação ao qual espera-se obter benefícios no futuro. Trazendo um exemplo prático, uma pessoa pode investir em cursos de capacitação objetivando um melhor emprego. Ou então pode investir na aquisição de um imóvel para alugar e ter uma nova fonte de renda.


Já para uma indústria, um investimento pode-se dar, por exemplo, na compra de novos equipamentos, máquinas e locações para instalação de novas unidades produtivas. Pode-se, em termos industriais, portanto, dizer que investimento é o ato de aplicar um capital em meios que fazem aumentar a capacidade produtiva da empresa.


Dessa forma, num cenário de competitividade intensa, como o que se vive hoje,  a busca por novos investimentos, dada a importância da inovação, assume um papel fundamental dentro do ambiente organizacional. E como, neste cenário, investimentos envolvem sobretudo o dispêndio de capital financeiro, uma das áreas mais importantes dentro de uma empresa é, sem dúvida nenhuma, o setor financeiro, pois é através desta área que se busca esses recursos. E dentre as principais atividades deste setor que contribuem para a evolução da empresa no mercado está a análise de investimentos.



O que é análise de investimento?


Ao desenvolver um novo projeto, pode-se avaliá-lo sob diversas óticas diferentes. Exemplificando, pode-se considerar o projeto utilizando do ponto de vista do empreendedor, do ambiente em que o projeto estará inserido e interagindo, do financiador do projeto, sob óticas individuais etc. Em questões práticas, para a implementação de um projeto, pode-se distinguir duas óticas de análise: a social e a privada.


Pelo ponto de vista social, ponderam-se os benefícios e custos trazidos pelo projeto à sociedade como um todo. Portanto, avalia-se os preços de produção em função de sua abundância ou escassez onde o projeto acontecerá e não em nível de mercado.


Já sob a análise privada, os fatores de produção são avaliados em função do preço de mercado, sendo, portanto, a partir da visão do empreendedor. Assim, esses fatores, que podem ser quantificados monetariamente, são alocados no tempo na medida que se prevê a entrada ou saída. O conjunto dessas alocações de recursos financeiros constitui o fluxo de caixa do projeto e é através deste que é realizada a comparação com outras opções de projetos.


Assim, antes de falar como um candidato a investimento pode ser avaliado e escolhido dentre as possibilidades de negócio de uma empresa, precisa-se trazer uma ferramenta imprescindível nesse tipo de análise: O diagrama de Fluxo de Caixa. 



Diagrama de Fluxo de Caixa


Como já dito, utiliza-se o Fluxo de Caixa para indicar as entradas e saídas de recursos monetários de um projeto, tanto a curto prazo como em projeções de prazos maiores. Geralmente, representam-se esses fluxos na forma do diagrama seguinte, ao qual são reproduzidos, em cada período de tempo, os investimentos, receitas e custos.


Quando se trata de investimento em projetos industriais, o fluxo de caixa se apresenta, como no diagrama exemplificado. Com uma forma típica, que a literatura chama de “fluxo de caixa convencional”, caracterizado pelas seguintes condições:


  • Nos primeiros anos ocorrem os desembolsos e nos anos subsequentes, os recebimentos; e 
  • O somatório dos recebimentos é maior que o dos desembolsos. 


A ocorrência dessas condições é comum nos investimentos industriais, onde os desembolsos feitos com os equipamentos e instalações da nova unidade produtiva, precedem as receitas conseguidas da venda dos produtos. Além disso, é indispensável para um projeto ser aceito, que as receitas futuras venham a superar os desembolsos iniciais.


Tendo como base o Fluxo de Caixa, a análise de investimentos, como ferramenta organizacional, consiste na aplicação de técnicas financeiras e contábeis, com o intuito de concluir a respeito da viabilidade da aplicação de capital da empresa em determinado momento e finalidade. Dessa forma, é preciso ser cuidadoso e aplicar os métodos certos para que a administração da organização consiga discernir qual a melhor decisão. Portanto, essa análise, precisa levar em conta, obrigatoriamente, os riscos envolvidos no projeto, sejam eles riscos econômicos ou de mercado. Apenas dessa forma, pode-se estimar o retorno que irá obter-se — seja este positivo ou negativo — e a organização pode desenvolver estratégias para conduzir a situação e obter maiores lucros.



Taxa mínima de atratividade


Esse tipo de análise e a decisão sobre a viabilidade do fluxo de caixa de um projeto de investimento (ou de vários projetos) exige o emprego de métodos, critérios e regras essenciais. Mas, antes de se aprofundar nas fórmulas e as técnicas utilizadas na análise de investimentos, é necessário entender dois conceitos básicos que são premissas para aplicação dos métodos de avaliação. Desses dois conceitos, além do fluxo de caixa, já explicado anteriormente, têm-se a taxa mínima de atratividade (TMA).


Define-se a taxa mínima de atratividade como o menor percentual que o investimento avaliado deve retornar à empresa para ser considerado viável. Ela depende de fatores externos, como índices financeiros, tempo de duração, liquidez desejada e o nível de risco aceitável para a organização. Em outras palavras, é um indicativo do retorno mínimo esperado para o projeto de forma que valha a pena esse investimento para a empresa no momento analisado.


Assim, tendo-se a taxa mínima de atratividade definida pela empresa e o fluxo de caixa (ou projeção de fluxo de caixa), é possível avaliar alternativas de investimento. Essa análise requer abordagens multidisciplinares e possibilita a utilização de inúmeros métodos e técnicas matemáticas e econômicas. Apesar de não existir um critério único e unanimemente aceito, há alguns indicadores mais utilizados na análise e seleção de projetos de investimentos, bem como indicações sobre suas vantagens e desvantagens. Dentre os principais indicadores para análise de investimentos, têm-se: payback, VPL, TIR, ROI, etc (Entenda a relação entre os indicadores e seus investimentos). Dentre as citadas, uma das que têm ampla aceitação e utilização dentro da Análise de Investimentos é a Taxa Interna de Retorno (TIR).



A Taxa interna de retorno


Dentro da análise de investimentos, a Taxa Interna de Retorno (TIR) ou, em inglês Internal Rate of Return (IRR), é a taxa de desconto que uniformiza o das receitas e dos custos de um projeto de investimento. Dessa forma, a Taxa Interna de Retorno é uma ferramenta usada para avaliar qual o percentual de retorno de um projeto para a empresa. Como já mencionado, trata-se de um indicador de larga aceitação e um dos mais utilizados como parâmetro de decisão. Sendo que, geralmente, compara-se à Taxa Mínima de Atratividade para que se decida se o projeto deve ser aceito. Para entender melhor, interpreta-se essa taxa como uma representação do crescimento esperado para o projeto. Sendo assim, projetos com uma TIR muito maior que outros indicam, à princípio, uma melhor chance de crescimento.


Uma das suas principais aplicações se dá quando, em uma análise, se está decidindo entre estabelecer novas operações ou expandir as já existentes. Por exemplo, quando uma empresa está decidindo se pode renovar e expandir uma unidade já existente, ou se é necessário um novo processo produtivo. Embora as duas opções possam ser consideradas boas para a empresa, é mais provável que se escolha a opção que apresenta a maior Taxa Interna de Retorno.



Como calcular a Taxa Interna de Retorno?


O método da Taxa de Retorno, na prática, assume que todos os fluxos intermediários de caixa são reinvestidos na própria taxa calculada para o investimento. Assim, calcular a TIR é bem simples. A fórmula utilizada se baseia no cálculo do Valor Presente Líquido. E, para achar a TIR, iguala-se o VPL a zero, obtendo-se:

Onde, como ilustrado no modelo de diagrama de fluxo de caixa apresentado:


  • F0 = investimento inicial, sendo, portanto, negativo;
  • F1, F2, F3 … Ft = fluxos de caixa;
  • t = período de tempo;
  • TIR = Taxa Interna de Retorno.


Observa-se que o grau desta equação estará relacionado com o horizonte de planejamento do projeto, isto é, no tempo de duração do projeto. Assim, normalmente, espera-se resolver equações com grau maior que 2, cuja solução é bastante complexa e utiliza geralmente de processos iterativos.


Tendo-se calculado essa taxa, se ela for maior que a taxa mínima de atratividade, aceita-se o projeto; se for menor, rejeita-se o projeto (embora, geralmente, busca-se não se basear apenas em um indicador). E, entre duas alternativas com TIR diferentes, a que apresenta maior taxa, representa o investimento com maior retorno. Esses critérios garantem que a organização esteja obtendo, ao menos, a taxa esperada de retorno e que esteja aumentando os seus retornos.



Apesar de suas inúmeras vantagens, existem alguns cuidados necessários ao se usar a TIR. E, novamente ressaltando, não é indicado utilizar esse indicador sozinho, podendo isso gerar grandes prejuízos.



Considerações da Taxa Interna de de Retorno


Antes de usar a TIR como métrica de decisão em Análise de Investimentos, é importante se ater a alguns pontos relacionados à essa métrica. Primeiro, têm-se que, a depender dos custos de investimento inicial de um projeto, pode-se obter um valor de TIR baixo, mas análises indicarem um Valor Presente Líquido elevado. Isto significa que, embora o retorno para a empresa seja mais lento, o projeto está trazendo uma grande quantidade de valor à organização.


Outro ponto de atenção surge quando se usa a TIR para comparar projetos com diferentes dimensões de tempo. Isto é, um projeto com curta duração pode ter uma TIR alta, fazendo com que pareça, a priori, um excelente investimento, mas pode apresentar um VPL baixo. Assim, ao se comparar com um projeto mais longo, com uma TIR mais baixa, o primeiro pode ser dado como preferência. No entanto, se o projeto longo possuir um VPL maior, pode conferir um valor maior à empresa com o tempo.


Dessa forma, a análise de investimento como atividade precisa ser realizada com bastante zelo. Seja utilizando a TIR, ou qualquer outro índice, é importante entender seus limites, interpretações e utilizações apropriadas. Utilizar incorretamente a TIR pode levar a acreditar que um projeto é mais lucrativo do que o é. Com isso, pode acarretar em decisões equivocadas quanto aos investimentos da empresa e trazer grandes prejuízos.



A importância da TIR


Evidentemente, calcular a TIR é de grande importância para todo investimento, seja quando se está estudando a inclusão de novos serviços no portfólio da empresa, quando se está buscando expandir a produção ou quando se está buscando começar um negócio da maneira correta.  É fundamental que qualquer um que decida investir tenha conhecimento desse indicador. E é também indispensável saber interpretar os resultados obtidos a partir do cálculo da TIR, para não sofrer os danos possíveis de uma análise com pouco embasamento. 


Além disso, como sugestão para uma boa análise, é importante nunca usar apenas um indicador financeiro, mas um conjunto deles. Por vezes, a empresa precisará decidir por projetos com uma TIR menor, mas que a longo prazo trarão grandes retornos e agregarão considerável valor à empresa. Por fim, antes de iniciar uma Análise de Investimentos, é importante ter uma boa compreensão da realidade da empresa como um todo. Além de sua tolerância ao risco, das necessidades de investimento e das opções disponíveis.