Afinal, o que são efluentes e porque devem ser tratados?
Uma indústria química produz diversos efluentes que necessitam de uma etapa de tratamento antes de serem despejados diretamente em rios, mares e lagos. Algumas empresas tentam contornar esse problema e escondem o despejo sem tratamento durante anos, prejudicando a saúde da pessoas, além da fauna e flora local. Isso tudo porque, de primeira vista é muito mais simples e barato apenas descartar sem tratamento. Entretanto, para que isso seja evitado, existem diversas legislações que proíbem isso, com multas muito altas para quem não as segue.
No Brasil, as legislações podem ser federais, estaduais ou municipais, prevalecendo sempre a mais restritiva. A nível federal o órgão máximo responsável por esse assunto é o CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente). Sendo necessário que as empresas estejam de acordo com a resolução n° 430, de 13 de maio de 2011, que complementa a resolução n° 357, de 17 de maio de 2005.
A nível estadual, referente ao estado de São Paulo, o órgão responsável pela parte ambiental e certificação das empresas quanto ao descarte e tratamento corretos de efluentes é a CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).
Resumindo, o tratamento de efluentes é essencial para que uma empresa evite a contaminação do solo, rios e lagos em sua região. Além de se adequar a legislação e não correr o risco de multas, é muito interessante para as empresas promoverem a sustentabilidade ambiental isso também pode ser utilizado como marketing verde para atração de mais clientes.
O que é um efluente industrial?
Segundo a norma brasileira da ABNT – NBR 9800/1987 que estabelece os critérios para lançamento de efluentes no sistema coletor público de esgoto sanitário, denomina-se que “efluentes industriais são despejos líquidos provenientes das áreas de processamento industrial, incluindo os originados nos processos de produção, as águas de lavagem, de operação de limpeza e outras fontes, que comprovadamente apresentem poluição por produtos utilizados ou produzidos no estabelecimento industrial.“
Como tratar os efluentes da sua empresa
Para começar o tratamento de efluentes, o primeiro passo é entender e estudar as características do efluente que está saindo do processo. Nesse caso, é avaliada a presença de substâncias orgânicas e inorgânicas, metais pesados, hidrocarbonetos, corantes, detergentes, dentre outros compostos.
Após o estudo, consegue-se definir quais indicadores devem ser utilizados, a fim de quantificar as substâncias presentes no efluente. Também são medidos parâmetros químicos, como o pH, temperatura, cor, turbidez, alcalinidade, oxigênio dissolvido e a vazão.
Alguns indicadores como matérias orgânicas, óleos e sólidos são determinados por certas metodologias, dentre elas a DQO (Demanda Química de Oxigênio) e DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio). Para os sólidos, é muito necessário um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos – PGRS para que as empresas tenham um documento integrante do processo de licenciamento ambiental, que comprova a capacidade de gerir de modo ambientalmente correto todos os resíduos sólidos que gera. Leia mais em Soluções Ambientais.
Após caracterização e quantificação dos efluentes, já é possível separar etapas e descrever processos para tratamento e descarte corretos dos mesmos. Dependendo de como for o processo, a água pode ser tratada e reutilizada em algum ponto do processo, sendo interessante o Dimensionamento dos Equipamentos necessários
Etapas para tratamento de efluentes
Para uma melhor eficiência do tratamento de efluentes, é recomendada uma ordem para a remoção das substâncias de acordo com a sua natureza química, sendo:
1. Tratamento Preliminar
Constituído unicamente por processos físicos como filtração. Nesta etapa, é feita a remoção dos materiais em suspensão, através da utilização de grelhas e de crivos grossos (gradeamento), e a separação da água residual das areias a partir da utilização de canais de areia (desarenação). A principal finalidade dela ser a primeira etapa é evitar danos dos equipamentos futuros devido aos sólidos suspensos;
2. Tratamento Primário
O tratamento primário é constituído por processos físico-químicos. Nesta etapa procede-se a equalização e neutralização do pH do efluente a partir de um tanque de equalização e adição de produtos químicos. A seguir, ocorre a separação de partículas líquidas ou sólidas através de processos de floculação e decantação, utilizando agentes floculadores e um decantador.
3. Tratamento Secundário
Etapa na qual ocorre a remoção da matéria orgânica, por meio de reações bioquímicas. Os processos podem ser Aeróbicos ou Anaeróbicos. Os processos Aeróbios simulam o processo natural de decomposição, com eficiência no tratamento de partículas finas em suspensão. O oxigênio é obtido por aeração mecânica (agitação) ou por insuflação de ar. Já os Anaeróbios consistem na estabilização de resíduos feita pela ação de microorganismos, na ausência de ar ou oxigênio elementar. O tratamento pode ser referido como fermentação mecânica.
4. Tratamento de Lodo e Terciário
Etapa em que acontece a redução do volume do lodo. Como o lodo contém uma quantidade muito grande de água, deve-se realizar a redução do seu volume. Esta etapa ocorre nos Adensadores e nos Flotadores.
O tratamento terciário pode ser empregado com a finalidade de se conseguir remoções adicionais de poluentes em águas residuárias. Em função das necessidades de cada indústria, os processos de tratamento terciário são muito diversificados, pode-se citar as seguintes etapas: filtração, cloração ou ozonização para a remoção de bactérias, absorção por carvão ativado, e outros processos de absorção química para a remoção de cor, redução de espuma e de sólidos inorgânicos tais como: eletrodiálise, osmose reversa e troca iônica.
O que acha de começar a se preocupar mais com os subprodutos e efluentes da sua empresa? Dê o primeiro passo